sábado, 27 de junho de 2009

Por Junio el mucho calor, nunca assusta al buen labrador

Aqui temos um provérbio de origem castelhana que ainda não encontrei nos portugueses o seu par.

No entanto, sendo um provérbio de cariz climático, tendo o seu sentido ligado aos primeiros calores abafadiços que são habituais neste mês, embora ainda de curta duração e intervalados por dias mais frescos e às vezes, até para o molhado, faria todo o sentido existir um similar em Portugal, face a que muitas regiões do país têm climas muito similares a de certas regiões de Espanha, e até as próprias actividades campesinas são por vezes muito paralelas.

As regiões alentejanas, do interior dos distritos de Beja e Évora, têm uma certa similitude de clima e de actividades rurais com as suas correspondentes mais leste, em Espanha, as da Extremadura espanhola.

Este é apenas um caso entre muitos.

E porque é que o muito calor não assusta ?

Primeiro, porque este apenas se repercute em alguns dias, não sendo uma constância em todo o mês em questão.

Segundo, porque sendo a época final dos cereais de início de ano, trigo e centeio, o calor será bom no amadurecimento final do grão do cereal.

Quanto aos frutícolas encontrando já na fase pré finalização o calor não é contraproducente ao invés de qualquer hidrometeoro.

Esperemos que alguém ajude com o seu similar português!!!!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

São João namoradeiro, Santo António casamenteiro

A festa de S. João, normalmente iniciada na noite que antecede o dia e que se estende madrugada fora até aos alvores do próprio dia, é bastante propícia em épocas de trabalho, a se iniciarem os derriços.

Dos três santos populares, que neste mês congregam as festas juninas, a de São João costuma ser a mais animada, até porque sendo próxima do solstício de Verão no hemisfério Norte, tem uma noite curta para um período diurno bem longo.

Depois já é uma festa de Verão, ao contrário de Santo António que é uma festa de fim de Primavera.

Em muitos locais a madrugada deste dia 24 de Junho, era preenchida por bailes que duravam enquanto houvesse gente com ganas de festejar o santo, o que representava toda a madrugada.

Quando a alvorada mostrava todo o seu esplendor, era altura de os bailadores, tocadores e cantadores, agrupados em pares, abandonarem o local do baile e seguirem em direcção aos canaviais que existissem nas redondezas. Normalmente os locais dos canaviais são locais frescos e com existência de água.

Durante o percurso, a música continuava tal como o cantar ao desafio, e uma vez chegados ao local aproveitam para refrescar e descansarem de uma noite de folia e dança.

Depois já manhã feita, quando o Sol já calava alto era o regresso e os pares traziam caniços apanhados no local, ainda verdes.

Claro que nestes andamentos por vezes nasciam ou consolidavam-se namoros, os quais quando frutificavam passavam à regência do santo do ministério do casamento, no ano seguinte.

Daí a razão do provérbio que serve de título a este naco de prosa!

Não posso deixar de referir aqui um provérbio castelhano também relacionado com o S. João:

"Sanjuanada (24 de Junio) venida, primavera ida."

sábado, 13 de junho de 2009

Sol de Junho madruga muito

O mês de Junho para os que vivem no hemisfério Norte representa o período do ano em que a Terra obtém a sua maior inclinação do seu eixo em relação à linha Terra-Sol, expondo durante mais tempo a metade Norte à radiação solar.

Junto ao dia de São João, atinge-se essa inclinação máxima, ou seja o solstício de Verão. Será exeactamente nesse dia em que o período diurno da vinte horas do dia será o mais elevado, por contraposição ao período noturno que será o de menor duração.

Sendo que o período diurno se deve estender equitativamente pelo período de tempo que o movimento do sol faz desde o seu nascimento até ao seu ocaso, centrado no momento da passagem meridiana pelo meridiano do lugar, não só isso irá implicar um período matinal, ante-meridiana, longo como um outro período vespertino, pós-meridiana, de igual duração.

Assim o nascimento do sol é cedo e o seu ocaso tarde. Se pensarmos numa duração de período diurno da ordem das catorze horas, isto significa que o período matinal terá uma duração de sete horas e o vespertino igualmente sete horas.

Se é verdade que o Sol de Junho madruga muito, também podemos dizer que tarde vai para o seu ocaso.

" JUNIO ES TODO DIA; LOS VIEJOS Y ACHACOSOS TIENEN MÁS VIDA".

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Evolução nas Famílias

Não se vai dizer nada que não seja do conhecimento comum, apenas constatamos um facto que todos nós já o podemos verificar nas nossas vidas.

Todos nós conhecemos de casos em que numa família, humilde e de parcos recursos, surge em determinado momento alguém que consegue com o seu esforço, dedicação e interesse, singrar na vida iniciando algo, industria ou comércio ou ideia, o qual conduz a um desenvolvimento que normalmente se traduz em riqueza, possibilitando à geração seguinte (filhos) uma possibilidade de desenvolvimento já a partir de um certo nível.

Com o continuar dos tempos aparece a terceira geração netos, normalmente e justificadamente orgulhosos do poder alcançado pelos seus antecessores. Mas muitas das vezes esse orgulho descamba para outros tipos de orgulhos e atitudes e normalmente o resultado é o desabar do império entretanto construído.

Por vezes à quarta geração nada chega do que houve nas anteriores!

Uma forma mais rápida de poder resumir tudo isto, poderá ser:

De la pobreza, la industria;
De la industria, la riqueza;
De la riqueza, el orgullo;
Del orgullo, la pobreza.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Há mais de meio Milénio já assim era!

Como é do conhecimento genérico do comum dos mortais, a experiência de vida tem vindo desde tempos imemoriais a ser registada, para uso dos vindouros, em frases curtas que resumem a ideia.

Ditos populares, ditados, anexins, provérbios são tudo sinónimos de elementos paremiológicos na língua portuguesa com os quais se vai construindo todo um edifício de conhecimento de vida do dia a dia, reforçado no bom senso que devia sempre pontificar na sociedade.

Recentemente tive a oportunidade de obter a preços de promoção de escaparate, na realidade o valor pago quase não paga a impressão e distribuição quanto mais o autor, uma obra de Francisco Rodríguez Marín, intitulada "Más de 21000 Refranes Castellanos", cujo desbravar agora iniciei.

Das primeiras páginas retirei este naco, que me despertou à atenção:

"Si cuentos quieren dezir,
No saben otros donayres
Sino fablar mal de frayres,
Dellos mofar y reir.
Miserare nobis.

Bien ygual anda la rueda,
Por mucha burla que hagan,
Pues que los frayres les pagan
En essa mesma moneda.
Miserere nobis.

Já assim o dizia fray Luís de Escobar na sua obra "Letania de quinientos proverbios y avisos" de meados do século XVI!

Portanto, já não era de hoje, nem de ontem, todas aquelas questões de que certos proverbios deviam de ser resguardados por poderem ofender o religioso, mais pelos seus representantes e/ou defensores, do que o sistema em si.

Portanto nada de cuidados que há mais de quinhentos anos que se reportam os cuidados em não mofar em demasia a Igreja.

Como se ela não fosse gerida por humanos.

domingo, 7 de junho de 2009

A raposa dormente não lhe cai galinha no ventre

Hoje dia 7 de Junho decorrem as eleições para o Parlamento Europeu nos últimos países.

Desta vez não houve uma unicidade de data, sendo que alguns países efectuaram a eleição na quinta-feira passada, outros na sexta-feira, outros no sábado e os últimos no dia de hoje, domingo.

A única regra imposta é a de que os resultados em cada um dos países só podem ser públicos quando o último país em votação encerrar as suas urnas.

Estas eleições tradicionalmente são afectadas por uma alta taxa de abstencionistas, na falsa presunção de que o parlamento europeu fica longe e pouca influencia cada país de per si tem, pelo que, não vale a pena preocupar.

Nada mais errado uma vez que, as directivas comunitárias que têm que ser norma em todos os países saem desse mesmo Parlamento, e a ausência de interlocutores válidos de cada país apenas origina a aprovação segundo os parâmetros dos que lá estão e não dos que seria conveniente estar.

Claro que depois não teremos qualquer validade em criticar o que saiu do Parlamento porque, bem ou mal, é fruto dos que para lá foram eleitos, quer por nossa vontade expressa (poucos) quer por ausência da expressão dessa vontade (muitos).

E é essa ausência da expressão da vontade que retira o direito de crítica a quem se absteve.

Portanto, o provérbio que serve de título, que de outro modo pode ser lido como: NINGUÉM DEVE ESPERAR BENEFÍCIOS DAQUILO PARA O QUAL NÃO SE ESFORÇOU.

As suas versões em algumas línguas:

Inglês »»» Roast pigeon does not fly into one's mouth.

Polaco »»» Kot spiacy myszy nie wychwyta.

Finlandês »»» Ei kypsat karpaset aina suuhun lenna.

Português »»» A raposa dormente não lhe cai galinha no ventre.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Junho calmoso, ano famoso

Já entrou o Junho e já foi o primeiro consagrado à Criança.

E entrou bem calmoso a chamar pelo provérbio.

É o mês dos Santos Populares e do Solstício de Verão para o hemisfério Norte.

Habitualmente é um prenúncio do mês que se lhe segue, o Julho, que costuma seguir as suas pisadas em termos climáticos.

Também significa que a Primavera está a findar dando passo ao Verão.

Sendo igualmente este mês o sexto mês na contagem do calendário gregoriano então quando finalizar estará decorrido praticamente metade do ano.

Com a entrada que nos presenteou creio que iremos ter um ano famoso, especialmente aos sucessos biológicos que se auspiciam para a botânica.